quarta-feira, 11 de maio de 2011

tem que valer a pena

No mundo dos negócios, existe um cálculo chamado custo/benefício que deveria ser usado em todas as circunstâncias da vida. O que todo mundo quer – claro – é se atirar a todos os prazeres, sem pensar nas conseqüências. Só que para cada prazer costuma chegar, mais cedo ou mais tarde, a conta. Mesmo quando se trata de coisas banais.
Quem não gosta de ver um filme na televisão comendo uma caixa de chocolates inteira? Só que no dia seguinte, na hora de entrar no jeans, não consegue, e talvez se arrependa quando pensar que vai passar uma semana tomando sopa para poder voltar à forma antiga. Será que valeu?
Existem dias em que tudo conspira a favor: você está rodeada de pessoas de quem gosta, a conversa está ótima, a música maravilhosa, não vai ter que trabalhar no dia seguinte, já sabe em quem vai votar. Porém, às vezes você tem um trabalho para terminar – e como resistir àquele convite? A certeza de uma noite agradável é bem melhor do que cumprir a obrigação, claro. Acaba optando por deixar a tarefa para o dia seguinte; afinal, pode conciliar, e não perde o jantar nem o trabalho. Aí, passa a noite angustiada, acaba fazendo mal o trabalho e se sentindo péssima – será que valeu? O que se quer na vida é comer o bolo e ao mesmo tempo guardar o bolo, e quem souber conciliar as duas coisas, por favor, cartas à redação.
Mas existem problemas mais difíceis de resolver: é quando eles envolvem sentimentos. Você está com um homem legal, mas passando por um momento de crise. Há muito tempo ele não diz que você é bonita e gostosa, como fazia antes, e você precisa ouvir essas palavras mais do que do ar que respira. Pois é exatamente nessa hora que aparece o outro.
Mesmo não sendo especialmente bonito ou brilhante, ele tem faro; faro para detectar que aquele é o momento certo para chegar perto e dizer o que você precisa ouvir: que é bonita e gostosa – e tudo que vem na seqüência. E aí, como é que fica?

Se for em frente, está arriscando uma relação com muitos prós por uma aventura que pode ou não ter conseqüências, e geralmente não tem. Mas por acaso é justo abrir mão de sensações maravilhosas, de ouvir declarações de amor, de ter a ilusão de estar apaixonada, do coração que dispara, em nome – aliás, em nome de quê? Ah, que nenhuma mulher nessa situação peça conselhos, pois só ela pode saber o que fazer; ela e mais ninguém.
Será paixão? Será a necessidade de quebrar o tédio em que se transformou a vida? Será uma atração física incontrolável? Ou estará ela apenas precisando ouvir de um homem, de qualquer homem, as coisas que o outro não diz mais? Será, será – será o quê?
Difícil esse momento. Se resolver ser sensata, vai se achar antiga e careta; se por acaso se deixar levar, estará tornando muito vulnerável uma relação que ainda não acabou, e que poderia nem estar assim tão ruim se não tivesse aparecido o galã.
Antes de tomar qualquer decisão mais radical, seria bom raciocinar, mas para isso é necessário cabeça fria. Para não pensar que está apaixonada sem estar, para não achar que uma atração física – que pode existir por vários homens, aliás, e até ao mesmo tempo – é incontrolável, para não pensar que essa dificuldade vital de se sentir desejada é suficiente para mudar os rumos de uma vida.
É claro que não se pode – nem se deve – ser sensata o tempo todo. Mas quando a conta chegar – porque ela chega – é importante que seja paga com prazer. E só se paga com prazer o que valeu de verdade.

Danuza leão

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