Estou em Nova York. Acordei tarde; tenho um encontro, e quando desço, descubro que meu carro foi rebocado pela polícia.
Chego depois da hora. O almoço se prolonga mais do que devia; saio correndo para ir até o Departamento de Trânsito pagar uma multa que irá custar uma fortuna.
Me lembro da nota de um dólar que encontrei ontem no chão, e estabeleço uma relação aparentemente louca entre aquela nota de dólar e tudo que aconteceu de manhã.
Quem sabe, eu peguei a nota antes da pessoa certa encontrá-la. Quem sabe tirei aquele dólar do caminho de alguém que estava precisando. Quem sabe interferi no que está escrito.
Preciso livrar-me dela.
Vejo um mendigo sentado no chão, entrego o dólar – parece que consegui reequilibrar de novo as coisas.
“Um momento”, diz o mendigo. “Não estou pedindo esmola; sou um poeta”.
E me estende uma lista de títulos, para que eu escolha uma poesia.
“A mais curta, porque estou com pressa”.
O mendigo se vira para mim e recita: “Existe uma maneira de você saber se já cumpriu sua missão na Terra. Se você continua vivo, é porque ainda não cumpriu”.
*Por Paulo Coelho.
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